Estrada Regional: Curral das Freiras

Data de publicação
20 Março 2024
18:25

O relógio do carro marca oito e um quarto da manhã, começamos as verificações antes da partida. Depósito cheio? Claro. Cintos apertados? Sim. Chave na ignição? É só girar. Prontos para dar a mise? Siga Freitas! O JM arranca na sua 1ª Volta à Madeira pela Estrada Antiga.

A primeira coisa que se sente ao sair do centro do Funchal é sabermos que não voltaremos iguais, e assim que chegamos ao Pico dos Barcelos e vislumbramos por uma última vez o nosso Anfiteatro do Funchal, inspiramos fundo e aqui vamos nós. Sempre a seguir a Estrada Regional 107, começando na Estrada Comandante Camacho de Freitas, uma das maiores estradas do Funchal, e com uma das melhores vistas, chegamos a um entroncamento, e o GPS com a sua célebre voz artificial, diz-nos: “Virar à Esquerda” - assim o fazemos. Avistamos uma placa indicando que faltam 14 quilómetros para o Curral, e estamos no Caminho da Eira do Serrado, agora sim, começa a viagem. Rapidamente, quando começamos, verdadeiramente, a subir com maior inclinação, toca a meter segunda para o carro não ir abaixo, e vamos a isso.

À medida que percorremos esta estrada, é completamente impossível ficar indiferente ao aroma das Acácias e ao perfume dos Eucaliptos que invadem o nosso carro. De repente, vem-nos à memória os passeios de infância com os pais, os convívios e os piqueniques com a família, evocando a nossa essência madeirense. Pelo caminho, já perdemos conta às sinuosas curvas, e na nossa mente parece que ecoa em loop um “esquerda quatro, em seguida, direita cinco, curva cotovelo” – cuidado! O que vale é que vamos nas calmas, simplesmente aproveitando a viagem.

Antes de entrarmos na descida para o Curral das Freiras, era obrigatório, desviar-nos da rota e sair da Estrada Regional 107, entrando na Estrada da Eira do Serrado, parando primeiro no Miradouro da Malhada, que possui uma vista soberba sobre o vale, digna de capas de revistas de Natureza. Não é de estranhar que dois casais estrangeiros, estivessem completamente boquiabertos ao desfrutar da paisagem. Voltamos ao carro, e continuamos até ao Miradouro da Eira do Serrado, cruzando algum nevoeiro, que ali pairava, numa beleza estonteante. Hora de voltar a sair do carro, fazer uma pequena caminhada de 4 ou 5 minutos, sem pressas, e à medida que subimos, vamos já avistando no seu pleno, o coração da nossa ilha. Chegados ao Miradouro, não há palavras que possam descrever o que surge diante dos nossos olhos. Por mais vezes, que o visitemos, acabamos sempre sem fôlego, e não se deveu à subida. Estamos a 1095 metros de altitude, a contemplar uma das mais belas vistas panorâmicas da nossa terra. Aqui conseguimos, com a maior facilidade, observar a totalidade do Caldeirão do Curral das Freiras, uma freguesia anteriormente ferida pelo fenómeno do isolamento, mas que no presente é visitada por milhares de turistas.

Já de volta à Estrada Regional 107, enfrentamos o misterioso nevoeiro que nos deu as boas-vindas e começamos a descida ao centro da freguesia do Curral das Freiras. Cada vez mais próximos do destino, entramos no Túnel do Curral das Freiras, um túnel que veio aproximar esta freguesia das restantes, inequivocamente, muito importante para os locais e para os visitantes. Logo após a saída, surge-nos uma placa em madeira, cumprimentando-nos, onde se lê: “Benvindo ao Curral das Freiras. No Centro da Madeira” - a satisfação é imediata. A partir deste ponto, já começamos a ver as casas e moradias da freguesia, e começamos a sentir o ambiente feliz do Curral das Freiras, especialmente, quando um grupo de senhores que subia a pé aquela estrada bastante inclinada, pararam e decidiram acenar-nos com euforia. Estamos muito entusiasmados.

Chegados ao centro, encontramos uma rotunda e deparamo-nos com o Mini-mercado e Snack Bar: “Flor do Curral”. Decidimos parar o carro e aproveitar para comprar algumas coisas de que nos esquecemos para a nossa longa viagem. Demos logo de caras com o proprietário o Sr. Salvador, que inclusive, fez questão de nos mostrar a quantidade de produtos regionais que lá poderíamos encontrar, convidando-nos ainda para um café e uma empanada. Há de frango e de carne, experimentamos as duas, e não sabemos dizer qual a melhor – extraordinária sensação. Já com o pequeno-almoço tomado, compras feitas e arrumadas no carro, decidimos andar um pouco pelo Centro. Mas que paz que se sente! É como se o Funchal fosse já algo muito distante. A primeira paragem que fizemos foi na Igreja Matriz do Curral das Freiras, uma Igreja em honra a Nossa Senhora do Livramento, por indicação da Rainha D. Maria I, e cuja obra ficou concluída no fim do século XVIII. Uma pequena, mas pitoresca Igreja, muito importante para a História do Curral das Freiras, pois garantiu a existência de uma paróquia naquele sítio.

Voltando à estrada principal, ainda a pé, não podia faltar a foto da praxe na silhueta da freira. Enquanto isto, alguns locais surgiram e conversaram connosco explicando-nos o porquê da freira. Esta está ali, pois a localidade foi baptizada de Curral das Freiras devido às freiras do Convento de Santa Clara, que no século XVI, ali encontraram refúgio aquando de várias investidas de corsários no Funchal. Seguidamente, os curraleiros, muito atenciosos, aconselharam-nos a pegar no carro e descer até ao Poço dos Chefes, para ficar a conhecer uma praia fluvial, que ali surge todos os verões, graças aos locais. Lá fomos, e de facto, embora nesta altura do ano não esteja pronta para banhos, conseguimos entender perfeitamente porque é que há de ser uma atração idílica. Uma outra sugestão que nos tinham, amavelmente concedido, era na volta, na rotunda do início, em vez de virar para o sentido do Funchal, descer até à Ribeira do Cidrão - e assim foi. Já na estrada, passamos um furado, e lá estamos nós na Ribeira do Cidrão. Assolados por uma vista campestre de sonho, damos por nós junto a um restaurante, o Pinto’s Clock Café, paramos o carro e decidimos entrar. Embora só quiséssemos tomar qualquer coisa, a Srª Martinha, muito simpática, deixou-nos provar o seu famoso picado, e não admira que o Pinto’s estivesse cheio. Pelo que podemos ouvir dos seus clientes, há muita gente que ali vem pelo seu picado, e de acordo com o nosso paladar, não restam dúvidas. A Srª Martinha aconselhou-nos ainda que devíamos continuar a nossa viagem até à Fajã dos Cardos, e mais uma vez, quem somos nós para questionar. Evidentemente, o JM lá seguiu a sua viagem.

Pela Estrada da Fajã dos Cardos fomos nós, mais uma vez, surpreendidos pelas vistas e rendidos pelos imensos cultivos de ginjeiras, castanheiros e nogueiras que ali pousam. Como se sabe o Curral é conhecido pelas castanhas e pela ginja e aqui encontramos grande parte do seu cultivo. É um orgulho tão grande ver aqueles pequenos socalcos cultivados com tanto carinho, perfazendo uma beleza panorâmica única. Ali paramos e caminhamos um pouco, deambulando sem destino, usufruindo daquele espaço. Daí a pouco, encontramos algumas pessoas, curiosas por nos ver por ali, e travamos conversa. Palavra puxa palavra, perguntamos-lhes onde ir a seguir. Falaram-nos na Fajã Escura, depois do Colmeal, a qual ainda não tínhamos passado e era só voltar para trás um pouco e virar à direita. Perguntamos ainda se lá havia algum restaurante, pois já tínhamos (em bom madeirense) alguma roeza. “Na Fajã Escura vão encontrar o Restaurante Lagar das Antiguidades, é de espetadas” - foi a resposta que nos deram. Ora aqui está uma iguaria regional que certamente nenhum madeirense rejeitaria, o JM não hesitou. Já estacionados na Fajã Escura, vemos o clarão de uma lareira, sentimos aquele cheirinho a churrasco, rodeados por serras – estamos no coração madeirense! Desta feita, num espaço acolhedor, falamos com o atencioso Sr. Gabriel, o proprietário, que nos serviu dois espetos, um regional e um espeto de carne vinha d’alhos, uma das suas especialidades. Qualquer um deles, no ponto, e mais uma vez, mais uma prova de que no Curral das Freiras, a gastronomia é de excelência.

Após a refeição se ter prolongado entre conversas com populares do Curral das Freiras, a vontade de deixar esta freguesia era muito pouca, mas a Madeira é enorme e chegou a nossa hora de partir. Planeamos, ali mesmo, qual era o destino seguinte, traçamos várias rotas, refletimos sobre esta primeira etapa, e o que ficou foi: “Já que estamos em Câmara de Lobos, porque não continuar no Concelho e seguir para o Estreito?” Não se fala mais nisso! Marcar rota no GPS sentido Estreito de Câmara de Lobos, pela Estrada Regional? A calcular rota. Cintos apertados? Apertadíssimos! Paragem no centro para levar uma garrafa de Licor de Castanha ou de Ginja para a família? Porque não os dois? É assim mesmo. Prego a fundo JM! Até para a Semana!

A primeira coisa que se sente ao sair do centro do Funchal é sabermos que não voltaremos iguais, e assim que chegamos ao Pico dos Barcelos e vislumbramos por uma última vez o nosso Anfiteatro do Funchal, inspiramos fundo e aqui vamos nós. Sempre a seguir a Estrada Regional 107, começando na Estrada Comandante Camacho de Freitas, uma das maiores estradas do Funchal, e com uma das melhores vistas, chegamos a um entroncamento, e o GPS com a sua célebre voz artificial, diz-nos: “Virar à Esquerda” - assim o fazemos. Avistamos uma placa indicando que faltam 14 quilómetros para o Curral, e estamos no Caminho da Eira do Serrado, agora sim, começa a viagem. Rapidamente, quando começamos, verdadeiramente, a subir com maior inclinação, toca a meter segunda para o carro não ir abaixo, e vamos a isso.

À medida que percorremos esta estrada, é completamente impossível ficar indiferente ao aroma das Acácias e ao perfume dos Eucaliptos que invadem o nosso carro. De repente, vem-nos à memória os passeios de infância com os pais, os convívios e os piqueniques com a família, evocando a nossa essência madeirense. Pelo caminho, já perdemos conta às sinuosas curvas, e na nossa mente parece que ecoa em loop um “esquerda quatro, em seguida, direita cinco, curva cotovelo” – cuidado! O que vale é que vamos nas calmas, simplesmente aproveitando a viagem.

Antes de entrarmos na descida para o Curral das Freiras, era obrigatório, desviar-nos da rota e sair da Estrada Regional 107, entrando na Estrada da Eira do Serrado, parando primeiro no Miradouro da Malhada, que possui uma vista soberba sobre o vale, digna de capas de revistas de Natureza. Não é de estranhar que dois casais estrangeiros, estivessem completamente boquiabertos ao desfrutar da paisagem. Voltamos ao carro, e continuamos até ao Miradouro da Eira do Serrado, cruzando algum nevoeiro, que ali pairava, numa beleza estonteante. Hora de voltar a sair do carro, fazer uma pequena caminhada de 4 ou 5 minutos, sem pressas, e à medida que subimos, vamos já avistando no seu pleno, o coração da nossa ilha. Chegados ao Miradouro, não há palavras que possam descrever o que surge diante dos nossos olhos. Por mais vezes, que o visitemos, acabamos sempre sem fôlego, e não se deveu à subida. Estamos a 1095 metros de altitude, a contemplar uma das mais belas vistas panorâmicas da nossa terra. Aqui conseguimos, com a maior facilidade, observar a totalidade do Caldeirão do Curral das Freiras, uma freguesia anteriormente ferida pelo fenómeno do isolamento, mas que no presente é visitada por milhares de turistas.

Já de volta à Estrada Regional 107, enfrentamos o misterioso nevoeiro que nos deu as boas-vindas e começamos a descida ao centro da freguesia do Curral das Freiras. Cada vez mais próximos do destino, entramos no Túnel do Curral das Freiras, um túnel que veio aproximar esta freguesia das restantes, inequivocamente, muito importante para os locais e para os visitantes. Logo após a saída, surge-nos uma placa em madeira, cumprimentando-nos, onde se lê: “Benvindo ao Curral das Freiras. No Centro da Madeira” - a satisfação é imediata. A partir deste ponto, já começamos a ver as casas e moradias da freguesia, e começamos a sentir o ambiente feliz do Curral das Freiras, especialmente, quando um grupo de senhores que subia a pé aquela estrada bastante inclinada, pararam e decidiram acenar-nos com euforia. Estamos muito entusiasmados.

Chegados ao centro, encontramos uma rotunda e deparamo-nos com o Mini-mercado e Snack Bar: “Flor do Curral”. Decidimos parar o carro e aproveitar para comprar algumas coisas de que nos esquecemos para a nossa longa viagem. Demos logo de caras com o proprietário o Sr. Salvador, que inclusive, fez questão de nos mostrar a quantidade de produtos regionais que lá poderíamos encontrar, convidando-nos ainda para um café e uma empanada. Há de frango e de carne, experimentamos as duas, e não sabemos dizer qual a melhor – extraordinária sensação. Já com o pequeno-almoço tomado, compras feitas e arrumadas no carro, decidimos andar um pouco pelo Centro. Mas que paz que se sente! É como se o Funchal fosse já algo muito distante. A primeira paragem que fizemos foi na Igreja Matriz do Curral das Freiras, uma Igreja em honra a Nossa Senhora do Livramento, por indicação da Rainha D. Maria I, e cuja obra ficou concluída no fim do século XVIII. Uma pequena, mas pitoresca Igreja, muito importante para a História do Curral das Freiras, pois garantiu a existência de uma paróquia naquele sítio.

Voltando à estrada principal, ainda a pé, não podia faltar a foto da praxe na silhueta da freira. Enquanto isto, alguns locais surgiram e conversaram connosco explicando-nos o porquê da freira. Esta está ali, pois a localidade foi baptizada de Curral das Freiras devido às freiras do Convento de Santa Clara, que no século XVI, ali encontraram refúgio aquando de várias investidas de corsários no Funchal. Seguidamente, os curraleiros, muito atenciosos, aconselharam-nos a pegar no carro e descer até ao Poço dos Chefes, para ficar a conhecer uma praia fluvial, que ali surge todos os verões, graças aos locais. Lá fomos, e de facto, embora nesta altura do ano não esteja pronta para banhos, conseguimos entender perfeitamente porque é que há de ser uma atração idílica. Uma outra sugestão que nos tinham, amavelmente concedido, era na volta, na rotunda do início, em vez de virar para o sentido do Funchal, descer até à Ribeira do Cidrão - e assim foi. Já na estrada, passamos um furado, e lá estamos nós na Ribeira do Cidrão. Assolados por uma vista campestre de sonho, damos por nós junto a um restaurante, o Pinto’s Clock Café, paramos o carro e decidimos entrar. Embora só quiséssemos tomar qualquer coisa, a Srª Martinha, muito simpática, deixou-nos provar o seu famoso picado, e não admira que o Pinto’s estivesse cheio. Pelo que podemos ouvir dos seus clientes, há muita gente que ali vem pelo seu picado, e de acordo com o nosso paladar, não restam dúvidas. A Srª Martinha aconselhou-nos ainda que devíamos continuar a nossa viagem até à Fajã dos Cardos, e mais uma vez, quem somos nós para questionar. Evidentemente, o JM lá seguiu a sua viagem.

Pela Estrada da Fajã dos Cardos fomos nós, mais uma vez, surpreendidos pelas vistas e rendidos pelos imensos cultivos de ginjeiras, castanheiros e nogueiras que ali pousam. Como se sabe o Curral é conhecido pelas castanhas e pela ginja e aqui encontramos grande parte do seu cultivo. É um orgulho tão grande ver aqueles pequenos socalcos cultivados com tanto carinho, perfazendo uma beleza panorâmica única. Ali paramos e caminhamos um pouco, deambulando sem destino, usufruindo daquele espaço. Daí a pouco, encontramos algumas pessoas, curiosas por nos ver por ali, e travamos conversa. Palavra puxa palavra, perguntamos-lhes onde ir a seguir. Falaram-nos na Fajã Escura, depois do Colmeal, a qual ainda não tínhamos passado e era só voltar para trás um pouco e virar à direita. Perguntamos ainda se lá havia algum restaurante, pois já tínhamos (em bom madeirense) alguma roeza. “Na Fajã Escura vão encontrar o Restaurante Lagar das Antiguidades, é de espetadas” - foi a resposta que nos deram. Ora aqui está uma iguaria regional que certamente nenhum madeirense rejeitaria, o JM não hesitou. Já estacionados na Fajã Escura, vemos o clarão de uma lareira, sentimos aquele cheirinho a churrasco, rodeados por serras – estamos no coração madeirense! Desta feita, num espaço acolhedor, falamos com o atencioso Sr. Gabriel, o proprietário, que nos serviu dois espetos, um regional e um espeto de carne vinha d’alhos, uma das suas especialidades. Qualquer um deles, no ponto, e mais uma vez, mais uma prova de que no Curral das Freiras, a gastronomia é de excelência.

Após a refeição se ter prolongado entre conversas com populares do Curral das Freiras, a vontade de deixar esta freguesia era muito pouca, mas a Madeira é enorme e chegou a nossa hora de partir. Planeamos, ali mesmo, qual era o destino seguinte, traçamos várias rotas, refletimos sobre esta primeira etapa, e o que ficou foi: “Já que estamos em Câmara de Lobos, porque não continuar no Concelho e seguir para o Estreito?” Não se fala mais nisso! Marcar rota no GPS sentido Estreito de Câmara de Lobos, pela Estrada Regional? A calcular rota. Cintos apertados? Apertadíssimos! Paragem no centro para levar uma garrafa de Licor de Castanha ou de Ginja para a família? Porque não os dois? É assim mesmo. Prego a fundo JM! Até para a Semana!